terça-feira, 13 de outubro de 2015

A Comissão Temporária Especial sobre Violência e Morte na Juventude realizou no último sábado, dia 10,  no plenário do Legislativo, uma reunião pública para debater a situação dos jovens envolvidos em crimes no município. No total foram apresentadas 20  propostas que vão nortear os encaminhamentos a serem tomadas para a área.

Entre as principais propostas estão: mais investimentos do Governo Federal, Estadual e Municipal para o incremento das políticas públicas; maior articulação entre o poder público, privado, ONGS e igrejas para colaborar na diminuição da criminalidade entre os jovens e a volta de programas que promovem a prevenção como Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), realizado pela Policia Militar.

Para o presidente da Comissão, vereador Junior Santos Rosa, o encontro foi muito importante porque reuniu representantes de segmentos com grande representação no que se refere a  violência e morte na juventude. “Faremos as articulações necessárias junto ao judiciário, executivo e instituições em busca de mais dados e informações para  formatar todas as propostas e envia-las ao executivo, visando transforma-las em ações concretas para  diminuir a criminalidade entre nossos jovens”, informou o vereador.

O evento que contou com  presença dos membros Péricles Deliberador (PMN) e Gustavo Richa (PHS) teve a participação de 40 pessoas. Entre os convidados estavam: juíza substituta das Varas da Criança e Juventude de Londrina, Isabele Ferreira Noronha; a diretora do Instituto União para a Vitória, Jaqueline Marçal Micali; o presidente do Conselho Municipal da Juventude (Comjuve), Bruno Alencar Cardial; o coordenador da Central Única das Favelas (CUFA), José Antonio Campos e as representantes do Centro de Referência em Assistência Social (Creas) da Prefeitura de Londrina, Sandra Maria Coelho e Ana Maria do Nascimento. Entre participantes  também estavam líderes comunitários, membros do Conselho de Pastores, Mitra Diocesana, Polícia Militar, estudantes, professores, articuladores de políticas públicas contra drogas e violência e comunidade em geral.


As representantes do Creas apresentaram dados sobre as políticas públicas realizadas por meio da secretaria de Assistência Social de Londrina junto aos jovens em situação de risco. De acordo com Sandra Coelho, mensalmente são atendidos 340 adolescentes, com idade entre 12 a 18 anos, em todas as regiões da cidade. Entre os jovens atendidos, a maioria é do sexo masculino; moradores das regiões norte, sul e leste; estão fora da escola e uma minoria trabalha no mercado informal. “Cabe ao Creas acolher o menor infrator que passam por medidas de liberdade assistida e prestação de serviço a comunidade”. explanou Sandra Coelho que completou sua fala afirmando que desde o início do trabalho do Creas, em  2012, 53 adolescentes atendidos foram a óbito.

Já a diretora do Instituto União para a Vitória, Jaqueline Marçal  Micali, que trabalha com atividades esportivas e culturais com 150 crianças no contra turno escolar, no conjunto União da Vitória, na região sul, criticou a ausência de investimentos do governo Estadual em programas educativos e  de atuação com adolescentes infratores.

Conhecida por tentar humanizar a atenção do Judiciário com crianças e adolescentes,  a juíza substituta das Varas da Infância e Juventude de Londrina, Isabele Ferreira Noronha, destacou a importância da educação  para prevenir a violencia.  Ela, que tem atuado na realização de palestras em escolas públicas e periféricas da cidade,  defende a tese de que a justiça começa dentro da escola. “Temos ouvido muitas queixas das crianças sobre vários tipos de violência dentro de casa, causada pelos próprios familiares. Por isso a ideia é fazer com que estas crianças saibam que a Justiça existe para ajudar e proteger. Neste sentido temos feito parcerias para levar estas crianças para conhecer o fórum, a sala do Juiz, o Tribunal do Júri”,  explicou a juíza. Segundo ela, no ano passado 21 pessoas em idade de 12 a 18 anos, que passaram pelas Varas da Infância e Juventude, foram mortos. “Só neste ano já foram 15 óbitos, sendo que maioria está relacionada no envolvimento com drogas”.

Para o presidente do Conjuve, Bruno Alencar Cardial, a violência e morte na juventude  também  passa pelo viés do preconceito contra o movimento LGBT, negros, pobres, das mulheres que fazem abortos clandestinos, entre outros. “Estes núcleos  não podem ficar fora deste debate porque muitas pessoas têm sido violentas e assassinadas  anonimamente por fazerem parte destes  grupos”, disse Cardial.

O Presidente Estadual da Central Única das Favelas (CUFA), José Antonio Campos, contou sua história durante a juventude com a dependência química e sua libertação das drogas por meio de um projeto da Igreja Presbiteriana de Londrina, entidade que passou a atuar como pastor. Segundo ele, atualmente a CUFA trabalha em todos os estados brasileiros e em 17 países com programas  contra  morte e violência de jovens. “Trabalhamos com 400 crianças oferecendo as mais diversas atividades esportivas, culturais e artísticas. Nossos voluntários trabalham na maioria das vezes sem receber nada, são pessoas que lutam contra as desigualdades sociais,contra a fala de inclusão nas escolas e universidades  e de recursos. Defendemos a criação de políticas públicas  efetivas a favor do ser humano”, declarou.

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